sábado, 1 de outubro de 2011

Ser aluno do projovem Urbano é uma experiência de cidadania?


O exercício da cidadania deve ser estimulado através de instituições de ensino e meios de comunicação para o bem estar e desenvolvimento da nação. Acredito que a cidadania só existe porque há projetos estudantis tão valiosos,como o projovem urbano. Antes de voltar a estudar eu não contribuía com a cidadania, agora eu já cumpro com meu dever de cidadã. Graças ao Projovem Urbano, não é dificil ser um cidadão de verdade: basta querer e ter consciência .

A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos; antes eu não tinha consciência dos meus atos. Hoje, quase concluindo o Ensino Fundamental com a oportunidade que o governo me deu, já comecei a me sentir uma cidada, respeitando mais o outro. Então, acho que ser aluno do projovem é uma experiência de cidadania sim.
Eu nunca que iria conseguir descrever o que é ser cidadão e o que é cidadania se não estivesse estudando novamente. Agora que comecei a descobrir os passos do que é ser uma cidadã de verdade. O mundo que me aguente porque vou longe. Tudo que sonho e que conquistei até hojé começou no primeiro dia que entrei no Colégio Zila Belém. Lá encontrei pessoas maravilhosas, desde os professores, coordenadores, diretores e meus colegas de classe. 
Através do exercício da cidadania é que iremos alcançar uma melhor qualidade de vida.

NOME: ELIANE ALVES DA SILVA.
COLÉGIO: ZILA BELÉM.
TURMA: B.10
ALUNA DO PROJOVEM URBANO DE JUAZEIRO DO NORTE CEARÁ.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Adeus... Goodbye Reinilson...

Hoje não hoje aula no Projovem do Zila Belém... Mas nem pense que era porque não tinha aluno e nem professor... Apesar da grande chuva de ontem, todos nós estávamos lá, tristes e inconformados com o falecimento tão precoce de nosso estimado aluno Reinilson Cândido da Silva, da Turma E. Ele tinha viajado para Salvador, para rever a família que a tanto tempo não via. Trabalhou duro, até faltou algumas aulas, trabalhando intensamente fazendo suas encomendas de buffs, reformando poltronas, sofás... Ele vivia me indagando quando eu mandaria fazer os meus. Acho que perdi minha chance.

Ele partiu deixando a jovem esposa, e sua linda filhinha de quem tanto se orgulhava. E nós ficamos aqui, lamentando nossa perda. Esperando que esteja junto ao Criador, repousando o mais tranquilo sono de quem amou, sorriu e cantou a vida.

Nossas sinceras saudades...

Paula Perin
Andrêzza Camila
Isaac Cansanção
Luizley
Bruno
Teixeira
Islávia
... a Turma E e todos os alunos que fazem o Projovem do Zila Belém.

Vejam as fotos de nossa homenagem:









sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ano Novo - Feliz 2011 a todos os que fazem o ProJovem no Zila Belém!

Carlos Drummond de Andrade, um dos melhores poetas mineiros escreveu este poema, que trata sobre esse tema tão corriqueiro que é o "ano"... Já parou para pensar em como isso tudo funciona com a gente? Chega dezembro,e ficamos à beira de um colapso de tanto cansaço, mas aí acontece a virada do ano e é como se tivéssemos lavado a alma? Fazemos planos, promessas (esse ano eu emagreço, vou fazer caminhada...rss) e reacendemos nossas esperanças de que tudo vai ser melhor? Leia esse poema belíssimo de Drummond e veja como isso é maravilhoso!


CORTAR O TEMPO

Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-o funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente....

...Para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.

Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que a sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe desejar tantas outras coisas.
Mas nada seria suficiente...

Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto,
ao rumo da sua FELICIDADE!!!
 

sábado, 13 de novembro de 2010

Saneamento Básico é importante!

ESGOTO A CÉU ABERTO - Avenida Antônio Sales - B. Novo Juazeiro
Fonte: http://liceuproambiental.blogspot.com/

Para o trabalho com este tão importante tema recorrente, realizamos três atividades importantes:

Primeiramente, o Prof. Ms. Isaac Cansanção apresentou um aulão cujo tema era "Doenças causadas pela falta de saneamento básico". Nesta aula, destinada a todos os alunos do Projovem Urbano do Zila Belém, foram apresentados, além da temática abordada, o conceito de saneamento básico, que consiste numa série de procedimentos que visam a saúde e a higiene das pessoas, em que "pé" se encontra o saneamento básico no Brasil, no Ceará e na nossa cidade de Juazeiro do Norte. Ele nos mostrou ainda o que dizem as leis que obrigam o Estado a fornecer para a população esgoto tratado e coleta de lixo, e orientou nossos alunos acerca da importância urgente de se fazer a coleta seletiva.

Hoje, dia 13 de novembro, realizamos juntamente com nossos alunos uma aula de campo no Engenho do Lixo, uma associação de catadores de lixo que realizam a coleta seletiva. Todo o trabalho é feito manualmente. De máquinas, eles só possuem uma prensa, para o trabalho com pets e metais. Já foi doado a eles um terreno para construir a Associação, acreditamos que, o que falta, são recursos para que se possa realizar tal projeto.

Eliane com a mão na prensa. Força, menina!
Alvino, fundador do Engenho do lixo







Alvino, fundador do Engenho do Lixo, além de mostrar como funciona a Associação, orientou nossos alunos sobre a importância da coleta seletiva, do cuidado ao comprar produtos e usar sacolas pláticas, usar de preferência as de tecido, TNT ou levar mesmo um "balaio" para o mercado, prática muito comum em nossa cidade.

Ele mostrou o lixo de uma senhora, que mora há muito tempo na nossa cidade, mas que veio do continente europeu. No país dela, a coleta seletiva de lixo é dever constituído por lei. Assim, o lixo que ela envia para a Associação, dá gosto de ver. Tudo é lavado e separado: caixas tetra pak, embalagens plásticas, de isopor, filme (embalagem de biscoitos, café) colorido do branco. Isso serviu de exemplo para todos nós.
Embalagens de isopor e tetra pak já separadas.

Coleta Seletiva - Ainda é um sonho em Juazeiro do Norte
Carcaças de monitor agora servem como latão para coleta seletiva
Máquina para prensar metais
Alvino palestrando sobre a importância da coleta seletiva
Nossos alunos e professores do Projovem Urbano -Zila Belém

Para aprender, não existe idade!

Material a ser separado

Alvino explicando sobre como descobrir se o material já foi reciclado: basta observar dentro do símbolo da reciclagem e verificar o número correspondente a quantas vezes a embalagem foi reciclada. Ele nos orientou a comprar produtos que possuem do número três em diante.

Garrafas pet necessitando separação por cores

Entrada da Estação de Tratamento de Esgoto de Juazeiro do Norte.

Ao sairmos do Engenho do Lixo, fomos conhecer a Estação de Tratamento de Esgoto da Cagece, conhecida pela população como "Piscinão da Cagece". Lá nossos alunos foram orientados pelo Antônio, técnico da Cagece, e bem recebidos pelos funcionários que lá trabalham.
Antônio, técnico da Cagece: "Apenas 40% do esgoto da cidade de Juazeiro do Norte é tratado", afirma ele.
Descobrimos que apenas 40% do esgoto de nossa cidade é tratado, os outros 60 % são despejados ou em  fossas sem impermeabilização que são infiltradas no subsolo, ou até mesmo são despejados a céu aberto.

"O PAC 2 prevê saneamento básico para a cidade de Juazeiro do Norte", é o que todos nós esperamos.
Lagoas de Esgoto da Cagece

Depois de tratado, o esgoto é lançado no Rio Salgado

Apenas 40% do esgoto de Juazeiro está aqui. Os outros 60% são despejados diariamente no subsolo ou correm pelas ruas. Uma vergonha para nossa cidade.

Aprendemos também que a água que bebemos vem de poços artesianos e não das lagoas da Cagece, como muita gente dizia por aí.  Esse esgoto tratado é lançado no Rio Salgado, que ainda é muito poluído em virtude do lançamento dos dejetos da cidade do Crato, das Indústrias e da população que não é contemplada pela rede de esgoto da Cagece.

Rio Salgado - Juazeiro do Norte - água poluída
em um rio que antes garantia o sustento de muita gente.
Fonte:
http://juanews-100anos.blogspot.com/2010_08_01_archive.html
Segundo nos informou o técnico da Cagece, Juazeiro do Norte será contemplada com saneamento básico tão logo começar o PAC 2 - Plano de Aceleração do Crescimento. Acreditamos que isso seja um primeiro, mas não o único, passo para o desenvolvimento sustentável de nossa cidade, bem como melhor qualidade de vida para a população de Juazeiro do Norte.


Agradecemos desde já a participação de nossos alunos, educadores, e a todos os envolvidos nesse processo.

Educação, Trabalho e Lazer ao alcance de todos?

Caminhada de trabalhadores de Juazeiro e Crato no
dia do Trabalho
Fonte: Diário do Nordeste
Neste penúltimo tema integrador, optamos por realizar duas aulas diferentes. Primeiro, preparamos um aulão sobre o tema, relacionando o que a lei diz sobre "Educação, Trabalho e Lazer", e o que acontece, de fato, na realidade. Esse aulão foi apresentado para os alunos que fazem o ProJovem Urbano do Zila Belém, em Juazeiro do Norte, e os alunos que cursam a modalidade EJA na mesma escola, aula esta ao ar livre, na pracinha da escola, apresentada em data show.

Como atividade em grupo, propusemos que os alunos respondessem a três questões, que se seguem:

1. O que é um trabalho decente?
2. O que você considera como lazer?
3. Como a educação, o trabalho e o lazer contribuem para que tenhamos qualidade de vida?

Entregamos tarjetas para os alunos, a fim de que eles pudesse organizar suas opiniões no papel e depois transmitirem a todos os presentes. Logo em seguida, realizamos o momento de protesto, onde eles expuseram suas reivindicações. Foi engraçado. Protestaram contra a merenda da escola, as carteiras desconfortáveis e quebradas, muitas vezes, um senhor que cursa a EJA protestou contra a Coelce, em virtude de sua conta ter vindo muito alta... Enfim, encerramos nossa noite de maneira descontraída, certos de que nosso objetivo foi alcançado.

No segundo momento do tema integrador, dia 13/11, realizamos uma noite de Educação, Trabalho e Lazer na escola. Houve jogo de futsal, tenis de mesa, dominó, xadrez, uno, até banco imobiliário. Por volta das 19:30hs aconteceram as oficinas de "Confecção de Trufas", com uma facilidadora que é cunhada de nossa aluna, e a Oficina de Massagem Corporal, com a estudante de Fisioterapia Suianne Batista, da Faculdade Leão Sampaio.

Após as oficinas, distribuímos chocolates a todos os presentes e encerramos nossas atividades com um bingo, cujo premiação eram, a d i v i n h a ... Chocolates. Foi um momento muito prazeroso e de grande aprendizado para todos nós.

Agradecemos, de coração, às nossas merendeiras que nos cederam a cantina da escola para que fosse feita a oficina de trufas, à facilitadora que proporcionou esse momento, à Suianne Batista, que dispôs do seu tempo precioso para partilhar o seu saber, a todos os educadores do ProJovem Urbano do Zila Belém que contribuíram direta ou indiretamente com este projeto, ao Núcleo Gestor, François, Jane e Luiza, e ao Wellington e Fábio que juntos tornaram possível esta realização, aos Educadores da EJA, que nos "cederam alguns de seus alunos para participarem das oficinas à Coordenação Executiva do ProJovem em Juazeiro do Norte, que tanto nos apoiou na realização deste evento, à todos os envolvidos nesse processo e, principalmente, aos nossos queridos alunos, foco principal deste projeto, que nos provaram que a Educação não se faz apenas de sala de aula, mas do convívio em grupo, do respeito e da troca de saberes.

Nossos sinceros abraços
Equipe do Projovem Urbano do Zila Belém
Juazeiro do Norte - CE

domingo, 17 de outubro de 2010

A VIOLÊNCIA URBANA INVADE A VIDA DOS JOVENS?

Neste terceiro tema integrador, estamos desenvolvendo um debate em torno dos seguintes questionamentos:
  • Que tipo de violência nós jovens sofremos no dia-a-dia?
  • Quais são as possíveis causas dessa violência?
  • Quais atitudes geram violência?
  • Como lidar com esse problema?
Como situação desencadeadora, estaremos assistindo o filme "Tropa de Elite 2" (2010) no cinema. Será um programa diferente que reunirá professores e alunos de três núcleos do Projovem Urbano aqui em Juazeiro. Procuraremos discutir em sala de que (quais) formas essa violência se apresenta e como o problema foi tratado. Trabalharemos também a música "Cachimbo da Paz", de Gabriel Pensador, em forma de test-close, a fim de que eles possam atentar para as palavras que estão relacionadas com o grande tema "violência".

SÍNTESES INTEGRADORAS

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Meu Bairro, Meu território

Os textos abaixo foram escritos por dois alunos da turma E-10 que moram nas mediações do Bairro Triângulo - Juazeiro do Norte.

"Não posso falar de todo o bairro onde moro, porque não frequento todas as ruas dele. Mas o que conheço é que ele está numa situação precária, falta saneamento básico, o posto de saúde não funciona e o mercado não oferece nenhum tipo de higiene.
No meu território também tem suas qualidades, como bons vizinhos, pessoas hospitaleiras, muitas ofertas de emprego e boas referências de locomoção.Mas falta policiamento, calçamento em várias ruas e principalmente saneamento básico, pois os esgotos são a céu-aberto.
Se eu pudesse mudaria as ruas, construiria mais uma escola, uma creche, reformaria o mercado e ofereceria boas condições de funcionamento para o posto de saúde".

O. M.

"No bairro onde eu moro, conheço muitas coisas e lugares, só que tem muitas ruas que eu não sei o nome.
Minha comunidade é simples como as outras, mas eu costumo falar que onde eu moro tudo é muito pior, porque não tem saneamento básico. Os postos de saúde não são bem organizados, pois faltam médicos e as pessoas do bairro são muito mal atendidas ao chegar lá.
O único lugar mais agradável é a capela do bairro, os outros locais são muito movimentados, quanto ao movimento eu não vejo problemas, só que esse movimentos são por causa dos bares. No meu bairro a única coisa que mais tem são bares, a farmácia que tinha mais próxima fechou, escola tem algumas, só que não tem muita segurança. Eu gosto do bairro onde moro, eu não gosto é de como ele é administrado pela prefeitura.
Se eu pudesse mudar algumas coisas, primeiro começaria pela segurança, depois pelos postos de saúde, saneamento básico e outras coisas que precisam ser melhoradas, mas que agora não me recordo.
Na minha opinião, o meio não influencia a vidade de ninguém, você faz o que você quer."
J. W.

O que nosso aluno quis dizer, neste último parágrafo é que, embora o bairro onde mora seja considerado um bairro "marginalizado", isso não influencia em suas escolhas como cidadão de bem que é.
Gostaria muito que o administrador de nossa cidade acompanhasse o que nossos alunos pensam sobre sua administração, quem sabe ele não daria pelo menos um "norte" ao seu plano de governo.


MEU BAIRRO, MEU TERRITÓRIO

Neste segundo tema integrador da UF II, trabalhamos a história do bairro de nossos alunos. Discutimos sobre questões referentes às mudanças ocorridas ao longo do tempo no bairro onde moram e o que tem sido feito para melhorar a vida no lugar onde moram. Esses dados foram coletados através de uma pesquisa de campo, onde os alunos iriam entrevistar as pessoas que moram a mais tempo no bairro.
Procuramos também levar em conta quais são os laços afetivos que os prendem ao lugar onde moram, se eles pretendem se mudar para outro lugar. Essas perguntas foram respondidas através de uma produção textual, que tem como título o tema integrador.
Para  complementar essa temática, assistimos ao filme "A vila" (2004), um suspense norte-americano que retrata um modo de vida bem diferente daquele em que estamos inseridos. Cada um dos líderes da vila já sofreu com algum tipo de violência urbana e, por isso, isolam-se nessa vila a fim de fugir dos problemas da cidade. Entretanto, esso modo de vida é sustentado pelo terror e mentira com o intuito de encobrir a realidade comum e se afastar de uma sociedade violenta. Criaram uma comunidade “pura” e “inocente”, onde seus habitantes são humanos e imperfeitos, onde mais cedo ou mais tarde, o crime brota como uma realidade não transformada no coração e atos dos homens. Vale a pena assistir.
O tema deste filme agrega três temas das nossas aulas de Integração: um contraste com o tema Viver na cidade, a questão da identidade que a vila apresenta e a violência internalizada no indivíduo, usada para afugentar os jovens da cidade grande.

SÍNTESES INTEGRADORAS

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A cidade que eu quero morar

Parque do Ibirapuera - São Paulo


Texto de Francisca Cássia - Turma B10

Na cidade que eu quero morar
Queria que tivesse mais segurança,
Mais trabalho para as pessoas!
Que todas as pessoas se respeitassem
Todo mundo em paz
Que as pessoas fossem mais amigas
Que não tivesse violência
Nem preconceito,
Desigualdade
E não fossem cheia de ambiciosos
Queria que os políticos não fossem tão
mentirosos!
Que não tivesse ladrão
Que a cidade tivesse mais paz e
que os desempregados não ficassem muito tempo
sem trabalho
A cidade que eu queria seria assim:
menos morte,
mais saúde pública,
mais melhoria por parte dos políticos
Eu queria uma cidade
onde os jovens não se drogassem
e nem se prostituíssem
E que todos eles estudassem para vencer
e ter um futuro de honestidade
e fossem todos cidadãos.


Viver na cidade

JUAZEIRO DO NORTE - CEARÁ
Fonte: http://www.ronaldocamacho.com.br/juazeiro-do-norte-a-meca-do-sertao/

Esse é o tema integrador que abre a Unidade Formativa I. Introduzimos esse tema em sala de aula através de uma roda de conversa sobre como se constitui a vida nas cidades, especialmente a nossa cidade de Juazeiro do Norte. Construímos, no quadro branco, uma grande cruzadinha, falando sobre as conquistas e os problemas que vivenciamos. Após essa dinâmica, foi proposto aos alunos que descrevessem como seria "a cidade dos sonhos" deles. Mais tarde, postaremos algumas dessas produções.

Trabalhamos em sala de aula um texto "No começo era o pé", de Dinah Queiroz. Esse texto faz uma intertextualidade com o texto bíblico que abre o Evangelho Segundo João: "No princípio era o verbo". Nesse texto, a autora denuncia os problemas referentes ao transporte público, mostrando o preconceito social deste à colonização brasileira.

Segue abaixo o referido texto e as questões exploradas pelos alunos:


Romeiros subindo a ladeiro da Horto - Juazeiro do Norte
Fonte: http://www.flickr.com/photos/13198523@N07/1468829081/



NO COMEÇO ERA O PÉ
Dinah Silveira de Queiroz


Sim, no começo era o pé. Se está provado, por descobertas arqueológicas, que há sete mil anos estes brasis já eram habitados, pensai nestas legiões e legiões de pés que palmilharam nosso território. E pensai nestes passos, primeiro sem destinos, machados de pedra abrindo as iniciais picadas na floresta. E nos pés dos que subiam às rochas distantes, já feitos pedra também; e nos que se enfeitaram de penas e receberam as primeiras botas dos conquistadores e as primeiras sandálias dos pregadores; pés barrentos, nus, ou enrolados de panos de caminheiros, pés sobre-humanos dos bandeirantes que alargaram um império, quase sempre arrastando passos e mais passos em chãos desconhecidos, dos marinheiros de barcos primitivos e dos que subiram os mastros das grandes naus. Depois, o Brasil se fez sedentário numa parte de seu povo. Houve os pés descalços que carregaram os pés calçados, pelas estradas. A moleza das sinhazinhas de pequeninos pés redondos, quase dispensáveis pela falta de exercício. E depois das cadeirinhas, das carruagens, das redes carregadas por escravos, as primeiras grandes estradas já com postos de montaria organizados, o pedágio de vinténs estabelecido já no século XVIII. Mas além da abertura dos portos, depois da primeira etapa da industrialização, com os navios a vapor, as estradas de ferro, o pé de sete milênios da Terra do Brasil ainda faz seu caminho. Há pouco, numa das mais belas rodovias (a chamada “Circuito das Águas”), vi comovida, à beira dos largos caminhos cimentados por onde flui novo progresso, ainda legiões de pés caboclos: o marido, a mulher, seus baús, suas crianças, uma velha fechando a pequena caravana. Inundados pela fumaceira dos grandes caminhões pejados de mantimentos ou de objetos de consumo, esses brasileiros recordavam, no mundo do Desenvolvimento, sete mil anos de andanças a pé. Eram vários, que buscavam novos destinos, estavam marginalizados física e socialmente na era da escalada dos transportes só os estudantes em férias, os escoteiros, conhecerão a aventura de se transportar a pé. As rodovias riscam o Brasil de um varejar de progresso que se ramifica e se entrecruza. As estradas de ferro, as rotas dos aviões conduzem mais e mais gente, mais e mais riquezas. Por enquanto, porém, ainda podeis dizer: No começo era o pé – e ainda hoje, para multidões obscuras de brasileiros não incorporados à realidade cada vez mais esmagadora do progresso nos transportes, ainda hoje, humilde, persistente, vadiando pelos confins do Brasil ou caminhando certo para o bem-estar de uma família, ainda hoje é o pé.

Questões exploradas pelos alunos
01. O que se entende pela expressão “no começo”, contida no título do texto?

02. O que a autora quis expressar com o plural “brasis”?

03. A quem se refere o texto com as expressões:

a) “pés sobre-humanos”
b) “pés descalços”
c) “pés calçados”
d) “pés redondos”

04. Explique: “... Esses brasileiros recordavam, no mundo do desenvolvimento, sete mil anos de andanças a pé.” 

05. Aponte duas passagens do texto que podem ser consideradas como crítica social.

06. Explique a comparação que a autora faz entre os pés dos primeiros habitantes brasileiros às pedras. “E nos pés dos que subiam às rochas distantes, já feitos pedra também.”

07. De que trata a seguinte passagem do texto: “... e nos que se enfeitaram de penas e receberam as primeiras botas dos conquistadores e as primeira sandálias dos pregadores.”

08. Explique: “Depois o Brasil se fez sedentário numa parte do seu povo.”

09. Você concorda com a autora quando ela afirma que existem milhares de brasileiros marginalizados física e socialmente na era dos transportes? Justifique.

10. Por que, segundo a autora, ainda não se pode dizer “no começo era o pé”?


Sínteses Integradoras